Fome & subnutrição

No final de 2020, 19,1 milhões de brasileiros passavam fome total, absoluta, desesperadora. E sem dinheiro para cozinhar com gás, caso tivessem alguma comida para botar na panela.

Pesquisa de 2022 mostrou que aumentou para 33,1 milhões a quantidade dos nossos patrícios sem ter o que comer nem o que dar para os filhos, que morrem por inanição. É isso o que acontece com 15,5% da nossa população, todos os dias.

O problema atinge o seu nível máximo nas regiões Norte e Nordeste.

Mas se não temos guerras, erupções vulcânicas, terremotos, tsunamis, pragas arrasadoras, longos invernos congelantes, e somos um dos dois maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o que explica essa quantidade vergonhosa de brasileiros sofrendo, adoecendo e morrendo de fome?

Se os números mostram que, com nossas exportações, alimentamos um bilhão de pessoas em cerca de 150 países, qual a justificativa para deixarmos essa quantidade de brasileiros sofrendo, adoecendo e morrendo por falta de comida?

O leitor já pensou na dimensão do drama de ver seus filhos pequenos morrendo por sua incapacidade de dar a eles um pouco de comida todos os dias?

Mas num nível acima, há uma quantidade importante (cerca de 25%) da população que mata a fome, mas não se alimenta, não se nutre convenientemente. Esses comem carboidratos (pão, massas) e gorduras, e poucas ou nenhumas frutas nem legumes, e o resultado é que engordam e enfrentam vários problemas de saúde, por falta de vitaminas e de sais minerais. O problema destes, mais ou além da falta de dinheiro, é a falta de educação alimentar.

A conclusão é que não faltam alimentos, o problema é conseqüência de uma soma de fatores, dentre os quais destacamos: (1) Falta de trabalho decorrente da falta de oportunidades de habilitação para conquistá-lo; (2) Uma política errada, de privilegiar as profissões de nível superior em vez das profissionalizantes de nível  médio; (3) A deficiente distribuição de riquezas do Pais; (4) A falta de uma boa administração do poder público; (5) A falsa idéia de que medidas emergenciais, como a distribuição de cestas básicas podem resolver o problema; (6) O imenso desperdício de alimentos desde a produção até o consumo.

Segundo ressalta a bióloga Paula Loredo, “A ingestão de alimentos em quantidade menor do que a necessária. Faz com que o organismo gaste suas reservas de gordura para manter o metabolismo do corpo, levando à subnutrição” – e à morte, acrescento eu.

Por Luiz Octavio Pires Leal
Jornalista, Editor

 

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